sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Você já ouviu falar em Ikigai?


  MEU LUGAR NO MUNDO



Era uma busca, de tantas

Era a maneira, de várias

Falavam sobre o ideal

O valoroso e o esperado

Mas havia o que pulsava


Existe um único espaço em todo o sistema que cabe a um único indivíduo. Encontrar esse espaço nos permite expressar nosso maior potencial. Entre inúmeros talentos, cada ser integra seus muitos fazeres em sua única e autêntica expressão pessoal.

Somos levados desde sempre à comparação, principalmente em uma época de tantas
redes sociais. Estar em contato com as constantes exposições pode se tornar uma armadilha capaz de nos afastar de todo o movimento autônomo, pois tira o foco de nós mesmas. 

O foco se torna externo e as referências passam a ser balizadas pelo que as pessoas a nossa volta têm projetado. No entanto, há uma outra maneira de encontrar parâmetros sobre o nosso próprio caminhar e expressar.

Hoje, esta carta vem dizer para olharmos para nós mesmas antes de direcionarmos a
atenção para o outro. Olhamos para o nosso propósito, nossas aspirações e buscas genuínas; e para o que estamos sendo solicitadas e chamadas no momento presente.

Quando usamos a palavra “espaço”, não necessariamente nos referimos a um espaço
físico-local. Esse "lugar"; ganha uma amplitude expandida a envolver: pessoa, espaço e tempo. 

É o momento presente, atual e o local; o aqui e agora onde nos colocamos para o mundo com toda a nossa qualidade e disposição do momento. Quando há essa sincronia e encontramos genuinidade em relação a tudo o que percorremos até então, a expressão concreta é colocada para o mundo, encontrando sustentação própria e absolutamente verdadeira. 

Temos a agradável sensação de "vim ao mundo para isso”!

Em japonês, existe o conceito de ikigai que se refere ao propósito ou razão de ser.
Okinawa (no sul do Japão) é conhecida por apresentar uma população com grande número de pessoas centenárias. O autor Ken Mogi relaciona a longevidade e vitalidade dessa população com o encontrar o seu propósito de vida, viver seu ikigai. 

Um fator chave para encontrar a razão pela qual vivemos é nos conhecermos profundamente.


Sugestões práticas

Busque seu ponto focal, um lugar em que você possa sentir conexão com a sua essência.
Cada vez que vierem pensamentos e balizadores externos que dificultem a sua autopercepção, busque caminhos para voltar a percepção para si mesma, validando sua caminhada até aqui, sua história.

Quais suas brincadeiras favoritas quando criança? O que lhe trazia diversão aos dias?
Relembre e, se quiser, escreva sobre uma época da vida que tenha sido fundamental para você, servindo de base para a construção de quem você é hoje.

Valide cada aspecto da sua vida, todos eles, mesmo aqueles que você deseja queimar na fogueira ou esquecer.

Qual prática hoje pode possibilitar que você silencie os chamados externos e volte sua
percepção para seu caminho autêntico e individual?
Sugestão de leitura: Ken Mogi- Ikigai


Este trecho composto por: ilustração em aquarela, poesia, descrição e sugestão prática é um dos 45 capítulos do livro SHINGUETSU NO MINE- O LUAR REFLETE NA ESPADA- Oráculo das expressões do feminino e sabedorias orientais da autora Fabiana Higa


Saiba mais em: aqui


sexta-feira, 10 de junho de 2022

Servir: expressão ou objetificação?


Subservir 

Virou objeto 

De desejo 

De enfeite


Objetificada 

Ferida


Servir 

Ser e vir 

Cortesia e amor 

O próprio



Para além de uma expressão, o servir é uma das grandes artes do feminino e uma das imagens que o representa é a gueixa.

Servir se refere à generosidade, à graciosidade, à delicadeza, à sutileza, à cortesia e ao refinamento

Ao longo da história, mulheres de diversas culturas e tradições se tornaram mestras no servir. Tanto em seus lares, quanto fora deles, nas mais variadas formas de cuidados para os quais eram solicitadas, seja com a saúde, a educação e artes, entre outros. Para além do conceito do serviço e utilidade, o servir aqui é se dispor para o momento presente, uma vez que em nosso servir trazemos conforto, ordem e beleza.

Ao longo das transformações sociais e com o subjugamento da mulher por uma cultura dominadora e opressora, o servir da mulher foi objetificado, relegando-a ao nível de subserva. Em subserviência, passamos a atender aos comandos e desejos impostos. Um desses exemplos é a figura da gueixa, a guardiã das artes em sua concepção original. Esta, contudo, acabou sendo distorcida e hoje vem carregada de apelo sexual devido a fetichização da sua imagem.

Nesta expressão é importante refletirmos sobre as diferenças entre o servir e o subservir. O feminino torna-se subserviente quando colocado a serviço dos desejos e manipulações de uma cultura em desequilíbrio, ao passo que o servir sincero se expressa em genuinidade e sinceridade, transpondo comandos externos. Assim, no servir há sinceridade nas atitudes, sem o desejo de agradar pelo medo ou coerção.

Servir em essência é estar à disposição e em toda sua inteireza, de modo a ser para o mundo aquilo que se é. Mostrar o melhor de si e estar a serviço com seus talentos únicos sem a necessidade de mudar sua essência para agradar externamente. O servir baseado no medo não é servir.

Há aqueles que por meio da subjugação tentam conquistar o servir de uma mulher, mas acabam recebendo um servir vazio. A subserviência raramente gera completude e, por essa razão, cria o desequilíbrio do qual decorre a objetificação e os abusos.

Servir também tem relação com a compreensão dos limites e nos proporciona observar nossa auto-estima. Por isso, para vivenciar o servir, vale observarmos como estamos sendo gentis e cordiais conosco mesmas e com nossos sentimentos.

Em japonês a expressão omotenashi origina-se da tradição da cerimônia do chá e se refere a esse sentimento com o qual realizamos para o outro. Um simples detalhe nas ações, quando realizadas com carinho, faz imensa diferença àquele que recebe. A sinceridade com que realizamos algo é percebida nesses detalhes que nos chegam mais através dos sentidos do que de maneira racional. Omotenashi é colocar o melhor de si e agradecer com atitudes. Servir e omotenashi estão intimamente ligados e suas sutilezas e podem nos levar a descobertas bem como nos inspirar no dia a dia.


Sugestões Práticas

Experimente servir-se de um chá feito com carinho e capricho; preparado por você e para você.

Sirva-se um jantar com sua receita favorita, desfrutando da sua própria companhia, em uma atmosfera preparada com beleza e ouvindo uma música que lhe agrade.

Pratique primeiramente o autoservir e a autogentileza, para depois estender o servir ao outro.

Experimente o servir ao outro com um sentimento sincero, manifestando atenção carinhosa aos detalhes e ao sentimento de agradecimento.


Este trecho composto por: ilustração em aquarela, poesia, descrição e sugestão prática é um dos 45 capítulos do livro SHINGUETSU NO MINE- O LUAR REFLETE NA ESPADA- Oráculo das expressões do feminino e sabedorias orientais da autora Fabiana Higa

Saiba mais em: aqui