terça-feira, 11 de outubro de 2011

Evidências Científicas

Para quem deseja pesquisar e se informar mais em  EVIDENCIAS MÉDICAS, a respeito do parto como evento fisiológico natural do corpo feminino, seguem abaixo links com artigos publicados no site Guia do Bebê pela Dra Melania Amorim.

Melania Amorim possui graduação em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (1989), residência médica em GInecologia e Obstetrícia pelo IMIP (1992), mestrado em Saúde Materno Infantil pelo Instituto Materno Infantil de Pernambuco (1995) e doutorado em Tocoginecologia pela Universidade Estadual de Campinas (1998). Pós-doutorado concluído em 2009, também pela Universidade Estadual de Campinas. Pós-doutorado na Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra (2010). Tem Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO) por concurso (1992). Atualmente é professora adjunta doutora da Universidade Federal de Campina Grande (PB) e professora da pós-graduação (mestrado e doutorado) do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP - Recife/PE). Ensina Ginecologia e Obstetrícia na graduação, é coordenadora do Internato Médico de Ginecologia e ministra as disciplinas "Elaboração de Projetos de Pesquisa", "Informática Aplicada à Saúde", "Epi-Info: Curso Avançado" e "Saúde Baseada em Evidências" na pós-graduação. Atua como consultora técnico-científica em Saúde Materno-Infantil no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA) em Campina Grande - PB, onde coordena a Unidade de Gravidez de Alto-Risco. Também é Coordenadora do Comitê Municipal de Morte Materna de Campina Grande. Tem 36 orientações de mestrado e oito orientações de doutorado concluídas. Orienta atualmente quatro dissertações de mestrado e 10 de doutorado. Orientou 32 alunos de Iniciação Científica e tem mais quatro orientações em curso. Participou de diversas bancas de mestrado e concursos para professor universitário. Faz parte dos Comitês Especializados da FEBRASGO (Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia) de "Medicina Baseada em Evidências" e "Gestação de Alto-Risco". Também é membro da REHUNA (Rede de Humanização do Nascimento) no Brasil e Presidente de Honra do IPESQ (Instituto Paraibano de Pesquisa Prof. Joaquim Amorim Neto). Atua na área de Saúde Materno-Infantil, com ênfase em suas linhas de pesquisa: Medicina Baseada em Evidências, Humanização do Parto e Nascimento, Hipertensão e Gravidez, Gestação de Alto-Risco, Medicina Fetal, Mortalidade Materna e Cirurgia Ginecológica. Atuou como plantonista e preceptora da Residência Médica do IMIP entre 1992 e 2007, nos últimos cinco anos concentrando-se na área de Terapia Intensiva em Obstetrícia. Participa de três grupos de pesquisa cadastrados no CNPq, coordenando o "Grupo de Estudos em Saúde da Mulher" (UFCG). Tem 161 publicações completas e 10 artigos aceitos para publicação em periódicos nacionais e internacionais, além de diversos trabalhos apresentados em congressos. É autora de seis livros e 24 capítulos de livros. Faz parte do corpo de revisores da Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (RBGO) e da FEMINA, além de atuar como parecerista ad hoc de várias revistas internacionais. Desde 2009 é pesquisadora associada do Grupo de Gravidez e Nascimento da Biblioteca Cochrane.








sábado, 8 de outubro de 2011

A dor do Parto


Existem dores e dores





Sobre dor, pode-se dizer que existem diferentes tipos de dor. Existe a dor física, desde um certo incômodo, como por exemplo fazer depilação dos pelos ( sempre que estou na depilação com cera penso: ah! Se todas as dores do mundo fossem assim, que maravilha!! Só arde um pouco e passa imediatamente!!rs).




Existem as dores lancinantes, diretamente no nervo, como aquela dor aguda quando o dentista utiliza o instrumento de perfuração no dente, dor que parece um choque, que percorre o corpo todo. Este tipo de dor, eu particularmente não suporto, peço por anestesia antes mesmo de sentar-me na cadeira. Existe a dor da morte, da perda, creio que é uma das piores dores. Coisa que a gente não quer sentir mesmo. Dói na alma.



Existem as dores emocionais, a dor do abandono e solidão, a depressão. Existe a dor de parir. A meu ver, a dor de parir é grande, intensa. Sim, dói demais. No entanto, é uma dor de nascimento, dor de vida. Não sei se o termo dor seria o mais apropriado. Talvez contrações do parto, contrações fortes, ondas que vêm e vão. Ondas que se intensificam e de repente, vão embora, como num passe de mágica e viram um bebê lindo. Mamando no peito.



Por isso, é necessário fazer esta diferenciação: a dor da doença, que pode ser insuportável com a possibilidade de optar por meios de anestesiá-la, até que se encontre a cura. E a dor do parto, que é diferente. Ela não tira nossas forças, ela dá forças. A força da superação dos limites. É uma dor, apesar de intensa, suportável a medida que estamos BEM AMPARADOS.





Dor significa sofrimento?




O apoio e amparo é fundamental para a mulher no momento de lidar com as contrações. Assim a dor não se torna sofrida. Pois a dor, sim ela é inevitável, a contração virá de qualquer maneira. Por outro lado, o sofrimento não. Ele não é necessário e é totalmente evitável.



O sofrimento ocorre quando não sentimos amparados e seguras, não conseguimos lidar com a dor de forma positiva. Encaramos a dor como inimiga e aí sofremos. A dor é um sinalizador, um aliado, que indica que algo diferente está acontecendo. A dor vira sofrimento quando temos uma atitude negativa em relação a ela.

Por experiência própria e pessoal digo que quando lutamos contra a dor, resistimos as contrações, o trabalho de parto pode até estacionar. Quando não queremos sentir as ondas, pode haver parada de progresso, lutamos contra a natureza, resistimos e a sensação de dor se torna ainda maior.

Existem diversos métodos não farmacológicos de alivio da dor. Massagens, aromas, chás, florais e um dos métodos mais eficazes para alivio da dor: a água. A água usada como numa banheira, ofurô ou mesmo piscina plástica para imersão ou utilização de banho morno no chuveiro.


Apoio, carinho do companheiro, palavras de encorajamento também são de grande importância e efetividade.


O apoio emocional tem incrível poder de aliviar a dor, funciona como um bálsamo de alívio das tensões, medos e stress, podendo a mulher assim se sentir mais confiante e forte para lidar com as sensações.



A entrega e a natureza feminina



Quando digo sobre a necessidade de se entregar a dor, não significa entregar no sentido de dar os pontos, desistir de tentar.



A entrega para a dor significa encará-la de frente,enfrentando o medo, aceita-la e senti-la em sua plenitude. Dar boas –vindas a cada contração, cada onda.





Obviamente ninguém gosta de sentir dor. Somos acostumados desde cedo a tratá-la como algo ruim, algo que queremos que passe logo. Por isso a necessidade de diferenciar a dor do parto de outras dores.




As contrações de vida, os apertões, pressão acontecem no nosso dia-a-dia. São nossas provações, nossos ritos de passagem, momento em que nos transformamos em um novo ser. E este instante do nascimento é um dos ritos de passagem mais fortes para mulher, pois ela deixa de ser filha para tornar-se mãe. Assume um novo e grandioso papel em sua vida. Assim é com nossas dores diárias, nossas contrações diárias.




À medida que aceitamos, deixamos fluir sem resistência, o nascimento acontece com fluidez, tranquilamente. Como aquela antiga metáfora que fala sobre se entregar as águas do rio e deixar que ele te leve. Ao invés de tentar lutar contra a correnteza e se machucar entre galhos e pedras.



Singularidades


Existe também o fato de que cada mulher sente as dores de maneira diferente. Existem mulheres que não sentem absolutamente nada além de algumas cólicas. Há o fator de que cada mulher, com seu histórico de vida, tem seu próprio nível de tolerância a dor.



À doula, cabe estar atenta aos sinais da mulher, escutando com olhos e ouvidos intuitivos, sobretudo com o coração. Estabelecer vínculo de confiança para que o casal, a família se sinta bem e confortável. Sobretudo segura de sua força e capacidade de parir.



Por fim, a dor do parto existe, assim como existem nossas lutas diárias. É difícil, sim, como as vezes enfrentamos situações que nos exigem fisicamente. E sim, nos sentimos ótimas quando enfrentamos nossos medos, quando damos a cara, quando arregaçamos as mangas e vamos a luta, ao trabalho, ao trabalho de parto.






Nascimento e Renascimento




Que venha o dia, a hora, o dia do “trabalho” do nascimento, que seja bem-vindo, que traga nosso filho em seu momento ideal. Afinal somos mulheres guerreiras por natureza, enfrentamos lutas por nossos direitos, nossos espaços e esta é uma de nossas maiores batalhas, pois ela é travada no intimo do ser. É uma batalha interna, onde encaramos nossos medos, ansiedades, preocupações, paradigmas e tabus. É um olhar sensível no espelho. Colocar-se no colo, respirar fundo e decidir encarar. A partir do momento que decidimos que sim, que desejamos enfrentar nosso medo da dor. Com garra e vontade, a parceria, a ajuda, o apoio emocional vem. Não estamos sozinhas. Temos toda uma legião de mulheres a nossa volta. Temos nossas ancestrais, todas as mulheres da humanidade estão conosco neste momento. A natureza, o feminino. Estamos juntas.


Además que o parto também pode ser..... orgásmico...mas isto é assunto para outro post.






Texto por Fabiana Higa